Cheiro de
alfazema,
Folhas
verdes no barro,
Fitas do
Bonfim na porta
de entrada
Caminho
registrado pelos pés
descalços
O dendê na panela fazendo fumaça
Atabaques
no fervor
Da mão
preta calejada
Agitam a
energia natural
Desfazendo
o prato da encruzilhada
Purificando
também a cachaça
Falta o
charuto
Uma ou
duas baforadas
Para a
alegria ser completa
E com o pai
nosso rezado
Cantigas
serem entoadas
Do tipo atô
atôooo, olha o grito da senzala,
Autorizando-se
a conversa desejada
Pode vir. Caminho
aberto.
Barba
grisalha
Orientação
para a luz
Sabedoria
apoiada na bengala
Vejo-o no
pano branco
Largado
humildemente sobre seu corpo
Para
enfrentar a batalha diária
Com farelo
de pão em casa
No seu
sorriso alvo ainda disfarça
O
sofrimento vivido numa antiga vida massacrada
Ama o seu
próximo à maneira de Jesus
E jogando
fora o rancor
A paz
renasce no seu peito
Para ser
dada ao amigo desconhecido
Hoje, sem
trilhos, com a cana industrializada,
E algemas
partidas,
Sua carta
de alforria foi esclarecida
Sobrando-lhe
tempo para ajudar os amigos de jornada
Obrigado,
preto véio,
Pelo axé
dado a quem tanto precisa.
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