Hoje, ao ver uma cena de novela,
Descobri
um estado sentimental precário,
Semelhante
à condição humana da paixão.
Menos
intenso. Bem menos intenso. Confesso.
Só que
também é puro devotamento e tem, sem ser obrigação, que ser amigo do encontro,
E isso se
dá apenas para que possa existir.
Atua na
superfície, porque esta é o seu primeiro espaço de cultivo,
Contudo,
promove o aprofundamento,
A
interiorização de um novo sentimento,
Da
primeira impressão,
Do estado
subconsciente do belo
Quando se
esquece que é belo,
E ao
reconhecer–se belo é devorado pela esfinge da paixão.
Nisso tudo
suspende-se o tempo,
Embora
relógios da cidade ainda funcionem.
Reativam-se
pulsos, e aquele segundo transformado em horas
Poderá ser
classificado como um afetivo absurdo.
O que é
isso?!
O que é
isso, meu Deus?
O que é
esse mágico beliscão casual, que pinica o ego
sem
machucar a vaidade?
O que é
isso? Diz-me, oh mago do sexo não prometido!
Paro um
momento. Relembro do filme Forrest Gump,
Daquele
episódio em que Forrest encontra uma doce menininha num dos assentos do ônibus
escolar.
Paro mais
um pouco dentro da origem desse congelamento inicial,
Proporcionado
pela salteadora apelidada de memória afetiva,
E admito
que naquela cena não houve paixão.
Naquela
cena, não houve amor à primeira vista.
Definitivamente,
foi outra coisa, bem intensamente diversa.
Nesse
mesmo instante em que parei para pensar,
Também
parei de pensar, porque, coincidência ou não,
Realidade
ou não, filme ou não,
Vi alguém
diferentemente belo passar.
Abriu-se,
então, o mar vermelho coronário.
As artérias
impulsivamente se dilataram como
se
conhecessem a inteligência do destino,
Porém, é
início, abertura, e o sal, especiaria antiga trazida no mar,
Ainda não
visitou os lábios de quem canta para a vida,
Embora a
língua passe ansiosamente pela boca,
A fim de
experimentar o doce sabor do encantamento,
Que
arriscam dizer que é agridoce, levemente apimentado de curiosidade.
Nisso
tudo, é verdade, sinto meu delicioso tormento: o que será de nós dois?
Quantas definições,
meu Deus!
Quanta
indefinição, meu Deus!
De fato, não
sei decifrar a impressão daquele momento
O que seria
isso?
O que é
esse estremecer imediato, que pede aquela música do rádio, e devolve a esperança de um novo relacionamento?
O que é
isso?!
O que é
isso?Diz-me, oh gênio da sorte humana, verso e reverso da vida!
Donnnnnnnnnnnnn,
donnnnnnnnnnnnnnnnnnn, donnnnnnnnnnnnnnnnn!
As doze
badaladas prenunciam o fim da angústia.
Silêncio
em cima de silêncio. Sem mago, sem gênio, encontra-se a resposta numa pequena
cidade do interior.
Não é
amor. Não é paixão. Na verdade, a
reposta foi dada linhas atrás, e eu não sabia disso.
Falo do
encantamento.
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