domingo, 30 de dezembro de 2012

Uma gota de inspiração

A maternidade,
Por ser amor,
Te deixou mais bela
Nada lhe cobrou em sensualidade
Na verdade, continuas a aquecer os olhos
De quem passa
De quem toca
A fina estampa vermelha
Que te veste,
Que te deixa nua
Por representar o escarlate da paixão

Pede-me versos
Por eu ter sido denunciado
Publicamente como um poeta
Mas não é bem assim
Não é tão fácil assim

Difícil se concentrar
Quando chega sua imagem
Como forma de inspiração
Como água potável a refrescar
A garganta de um lobo sedento
Que passou noite adentro
À procura de sua caça
E não a encontrou
E por isso não gozou
E continua sem entender
A força do desejo
Que lhe rasga o peito

Então, respiro e .....
Nada!
Impossível se concentrar
Tento ler os meus sentidos
E nada!

Fui absorvido pelos detalhes
Da sua pessoa,
Da sua carne,
Da sua parte, que é mais que o todo
Detalhes que foram lançados
Pelo vento saído dos seus lábios
Para o tempo da criação

Detalhes que foram gentilmente cedidos
Pela flor que caiu dos seus cabelos
Como grãos de pólen fecundantes
Ávidos para encontrar
Na mente do poeta iniciante
Um terreno fértil para a criação
Mas o beija-flor se perdeu no caminho
Ficou tempo demais suspenso no ar
Os grãos não chegaram
O segredo foi revelado:
- A natureza não trabalha sob pressão!

Os versos sequer se despediram
Porque sequer chegaram
E estão aí no ar
A quem primeiro entender
A quem necessita amar

Ajuda-me! Os dedos tremem
De tanto pensar em escrever
Porém a tinta da emoção não sai
Não risca o papel velho
Descartável, útil a quem labuta com versos
E às vezes se torna refém do mundo
Do concreto

Ajuda-me!
Pinga na minha boca
Uma gota do seu charme
Coloca na ponta da minha língua
Uma gota da sua feminidade
Dissolve no meu ser uma gota de inspiração

É loucura se concentrar
Repito: é impossível se concentrar
Quando sinto no seu trejeito a fome pelo prazer
O ato de amar
Ah! Um salve para as delícias não vendidas
Guardadas sob a pele suada de quem peca
De quem transa
De quem se culpa
Não existem certos, errados, putos, putas e viados
Tudo é uma questão de foder
Educadamente: criar!!!!

Eis que a amizade se desdobra,
Insone, sem repousar de tanto desejo
Acusa-se falsa, arriscada, quase frágil
Contorce-se, revoltada com a moral,
Enverniza-se, pois, com o instinto verdadeiro
E reflete as múltiplas faces da mulher
Que há em você
Traduzindo nas suas pernas cruzadas
No seu salto alto
No seu cabelo iluminado
A diferença sedutora que o tempo lhe deu
Dádiva marcante! É verdade!
Superior ao poder feminino que jorra do seu olhar
Do seu andar de bailarina

Agora, paro.
Um pouco frustrado!
Desculpe-me!
O ofício artístico não foi cumprido
Os versos não saíram à maneira de quem sente
Só me resta uma prece
Suplico, então, a Afrodite:
- Por favor, deixa-a eternamente sendo mulher!


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